O movimento constante da resiliência

É sempre muito difícil receber um diagnóstico de uma grave doença, ou de uma doença que não tem cura, que é crônica.

Pensamos logo: Por quê comigo, por quê eu, que eu fiz para merecer isto?” A resposta é que você não fez nada para merecer, ninguém merece. Justamente porqueninguém é mais ou melhor que ninguém.

Neste sentido, quando pensamos nisto, estamos realmente exercitando a humildade, pois entendemos a horizontalidade do ser, somos todos iguais, temos os mesmos medos, temos os mesmos sonhos, necessidades, prazeres e desejos.

E sendo assim, a pergunta poderia ser ao contrário: “Por quê não eu? Tenho algo de especial que me reservaria o direito de não adoecer ? Tenho direitos a mais que os outros, algo que me foi reservado, como uma sorte extra?” Lógico que não, não temos um lugar especial na vida, no mundo. Então poderia ocorrer comigo, assim como com a vizinha, ou o dono do açougue, ou o dono da maior empresa….
Isto posto, se é o que temos, temos que lidar com isto.

Bom, então podemos ir para o lado racional, ir buscar conhecimentos sobre o assunto, possibilidades de tratamento, profissionais habilitados, melhor medicação, participar de grupos de pessoas que partilham do mesmo problema.
Estar com pessoas que são capazes de entender o que você fala, sobre o que você passa é muito reconfortante, é acolhedor, o grupo fortalece seus membros, pelos laços que cria e pela informação que circula.

Neste tempo de pandemia, sua doença de pele deve ter piorado. Ansiedade, medo, insegurança: todos passamos por estes sentimentos nesta crise mundial.
E ainda tristeza, até uma depressão leve, insônia ou dormir demais, comer muito, não ter fome… Você sentiu?

Para quem tem doenças de pele fica mais visível tais manifestações, pois fica na pele: sensível na pele – sensibidade à flor da pele.

Procure se ocupar, ter rotina. Não ouvir muitas notícias. Se exercitar. Manter contatos, por telefone, mídias. Isolado, mas não sozinho!
Lembre-se de se manter antenado no agora e nada de remoer coisas do passado ou pirar tentando adivinhar o futuro, pois isto traz ansiedade.
Você bem sabe disto…

Procure lembrar de outra situação de crise pela qual você passou e lembre-se de que recursos usou para superar ou resolver tal situação . Vale meditação, cantar, dançar, prestar atenção na sua respiração ajuda muito e vai acalmando a mente, pensar numa paisagem ou animal que goste e prender a mente nesta imagem, para relaxar e não deixar os pensamentos invasores chegarem.

Você talvez tenha problema de autoestima, então é um bom momento para trabalhar, repensar esta questão: pois afinal, você chegou até aqui! Objetivamente olhe-se, avalie-se, em frente ao espelho, anote os seus pontos fortes e positivos e pense como driblar os que você não gosta muito.

Mas lembre-se às vezes você é o seu pior juiz . E por isto não se cobre tanto, e mantenha ordem, foco nos seus pontos positivos.

E a parte emocional? Esta é a parte para lhe dar força, ou a que vai te prender e não deixar você seguir. Você vai depender dela para realizar tudo que foi dito acima. Ás vezes quando ficamos doentes, sentimo-nos desvalorizados; inferiorizados, principalmente numa doença de pele, que fica visível.

Como sempre digo: esta é uma “doença à flor da pele”.

Temos que tentar trabalhar com a questão do: como sou, aqui estou. Tenho todo o direito de estar aqui. E estando aqui, sou alta ou baixa, loura ou morena, mais falante ou reservada, tenho doenças de pele ou não, gosto ou não de dançar, etc.
Ou seja, lidar com o fato de que só esta doença não diz tudo sobre mim, que tenho vários aspectos, sou muitas coisas além de uma pessoa com uma doença crônica de pele.

Se alguém não se sentiu bem ou se incomodou, pode ser só que ela não conheça e se assuste, ou que seja uma pessoa tola e superficial (literalmente, fica na pele e não enxerga a pessoa); e você pode não querer estar com pessoas assim.
É difícil e requer esforço contínuo, ir trabalhando até ficar bem confortável em você. Pode ser que venha precisar da ajuda de uma psicoterapia também. Você vai adquirindo aos poucos a habilidade de lidar com os outros, com a doença, com você.

Aliás, tinha um cantor que já falava “eu tenho habilidade de fazer histórias tristes virarem melodia“☆

Para mim, esta habilidade recebe o nome de resiliência.
Resiliência : A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se à mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros. Sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades.

Se você fez todos estas ações para conviver e viver com sua doença, ou dificuldades, ou situação de estresse; você está sendo resiliente. É um movimento constante, tem altos e baixos, ganhos e recuos, fragilidades. Como tudo na vida.

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